segunda-feira, 2 de junho de 2008

Liberada a pesquisa com embriões!

Em votação histórica o Supremo Tribunal Federal decidiu na semana passada pela ampla liberação de pesquisas com embriões humanos. Com 6 votos totalmente favoráveis contra 5 votos com algumas restrições às pesquisas, o STF entendeu que os embriões para terem direito à vida também deveriam ter direito a um útero. Esta decisão foi amplamente divulgada na mídia convencional, portanto, como não é o objetivo deste espaço tratar deste tipo de informação (amplamente noticiada), gostaria apenas de fazer um breve comentário.

Vivemos num Estado laico, ou seja, num país sem opção religiosa oficial. Logo, o Estado brasileiro não pode pautar suas bases programáticas em posições religiosas, desprovidas de quaisquer embasamento jurídico e científico. A ciência diz que um feto somente "sente" alguma coisa, isto é, somente começa a formar a sua base sensitiva, a partir do terceiro ou quarto mês de gestação, quando o cérebro também ainda não está formado. Até então, a ciência assegura a destituição do feto sem qualquer sofrimento. Quando falamos em pesquisas com embriões a situação é mais evidente. Os embriões que tiveram a pesquisa liberada são aqueles que não têm a menor possibilidade de passarem por um processo de gestação (eles não têm a menor chance de serem colocados num útero de uma mulher). São embriões que seriam "inutilizados". Nunca teriam acesso à vida.
Não haveria porque se travar uma discussão tão ferrenha, pois parece evidente que deve prevalecer o sonho de milhares de "cadeirantes" com a perspectiva que estas pesquisas trazem. Porém, a interferência da religião no nosso Estado, que deveria ser laico, prevalece. Até quando? Não sou contra a religião como redenção pessoal e espiritual, mas como quarto poder não podemos admitir.

Enquanto isso, milhões de jovens pobres sofrem com a gravidez prematura, sem a possibilidade de fazer aborto pelo SUS. Vejam que as jovens de classe média que engravidam podem fazer aborto livremente, em diversas clínicas particulares. Quem acaba sofrendo são as jovens pobres que não podem pagar estas clínicas ou acabam morrendo nas mãos de médicos despreparados. Para mim, não restam dúvidas: é a pressão religiosa que impede a legalização do aborto.
Precisamos mudar este panorâma urgentemente.

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