Este final de semana terá início os Jogos Pan-Americanos. A imprensa convencional, principalmente via canais de TV aberta, propaga e enaltece este grande evento. Porém, omitem à população que o Pan só é grande na quantidade de falcatruas. Receberemos, com honra, os times “c” de atletismo e natação dos EUA e do Canadá, o time “b” de Basquete da Argentina e assistiremos atentos a competição de futebol sub-17, enquanto isso, enriquecemos o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, com esta competição de quase 3 bilhões para os cofres públicos.
A fim de divulgar ao povo todas irregularidades que estão ocorrendo no Pan, os jornalistas Juca Kfouri e José Trajano criaram o blog averdadedopan.blogspot.com, que contém todas as informações que vocês precisam saber e divulgar sobre o Pan do Rio 2007.
O artigo escrito por Sócrates e publicado na Revista Carta Capital e no blog “A Verdade do Pan” nos dá uma idéia de tudo que está ocorrendo e que a grande mídia insiste em omitir:
Feudos esportivos no Brasil
por SÓCRATES
Mantido graças aos recursos públicos, o Comitê Olímpico Brasileiro parece não se incomodar ao distribuir favores entre os conhecidos. E dizem que somos emergentes. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB), como quase todas as instituições esportivas do País, é administrado como uma propriedade particular, e eterna, daquele que assume o posto mais alto na hierarquia da entidade. Com uma pequena particularidade: os recursos que tocam os projetos são originários da chamada Lei Piva. Isto é, o dinheiro é público, mas é gerido por mãos nem sempre controladas pelos órgãos da administração pública que só existem para isso. São inúmeros os exemplos e denúncias de irregularidades e de nepotismo que envolvem a entidade. No entanto, pouca coisa foi feita para evitar desperdício ou outras formas de se jogarem ativos pelo grande ralo dos escândalos que inundam o Brasil há muito. Pelo menos aqui, a pecuária ainda não se fez presente. Nem precisa!Pois vejamos: o design das roupas da delegação olímpica para os jogos foi obra de uma grande colaboradora da instituição, Mônica Conceição, que, por coincidência, é cunhada do presidente. A chefia das delegações olímpicas e pan-americanas do Brasil geralmente é oferecida, como uma forma de agradecimento pelos serviços prestados, a Marcos Vinícius Freire, diretor e companheiro da presidência. Não por acaso, Freire é também representante no País da AON Seguros, que é quem faz o seguro das seleções que defendem as cores da nossa infeliz nação.O mesmo Marcos Vinícius, aliás, por outra lógica coincidência, é sócio do galã – nada contra, nesse quesito – Ricardo Aciolly, que com tranqüilidade conquistou os direitos de comercialização dos bilhetes do Pan-Americano do Rio. Bilhetes que já estão dando o que falar, pois, obviamente, como sempre, o povão não vai querer assistir à abertura dos jogos e às partidas das seleções de vôlei assim com tanta facilidade. Isso é coisa para vips, com todo o respeito, como todos esses citados. O povo que se dane, vá ser pretensioso bem longe dos espetáculos mais valorizados. Contente-se com o Maracanã em dias de jogos de futebol dos campeonatos tupiniquins.Além disso, Acciolly ganhou também o difícil dever de organizar essas cerimônias de abertura e também as de encerramento da mesma competição. Mas a parceria mais antiga e visível é com a agência de turismo Tamoyo, de outra grande amiga. Pelo menos esta foi fruto de uma licitação, ainda que muitas das concorrentes tenham denunciado que o resultado, obviamente por a vencedora ter respeitado todas as exigências do COB, não poderia ser outro. Licitação com cartas marcadas... que absurdo! Ó povo que não sabe perder. Uma agência de turismo é tudo o que o Comitê Olímpico precisa, pois em seu balanços nota-se que em torno de 90% do que é gasto o é em viagens, inúmeras, várias, demasiadas. E não pensem que é tudo com atletas, competições, essas coisas banais, não. Afinal, que atleta precisa viajar para competir? Que o façam por aqui mesmo e que se dane o intercâmbio com outras culturas.Em vez de fomentar e disseminar a prática esportiva Brasil afora, aparentemente o órgão máximo da área esportiva tem como grande preocupação a promoção e realização de megaeventos. Chegou-se ao Pan de 2007 depois de se colocar a Cidade Maravilhosa para disputar (?) duas candidaturas olímpicas (e coordenar uma mais absurda ainda, Brasília 2000) mesmo sabendo de antemão que as chances de vitória eram nulas.Agora, o COB finalmente atingiu seu maior objetivo, que era promover na cidade um grande evento esportivo, literalmente, a qualquer custo. Esta semana começam as competições. Mesmo sem investimento em saneamento, transporte etc. espera-se que não tenhamos de passar vergonha como quando do mundial de basquete, em que goteiras no ginásio impediram o desenrolar natural dos jogos. Arenas novas e caríssimas estão aí. Umas, não se sabe como, serão utilizadas posteriormente, como o estádio de tiro e a pista de atletismo do estádio Engenhão. Outras foram construídas em propriedades particulares, como as de tênis de campo. Felizmente, há aquelas que ficaram pela metade, pois atendiam a interesses de grupos empresariais, como a moderníssima reforma na Marina da Glória, ainda que no estádio de remo da Lagoa já vislumbremos o porquê das ações que ali foram realizadas.Enfim, gastamos muito mais do que gostaríamos só para atender à vaidade de alguns indivíduos que agem acima de qualquer regra ou lógica, privilegiando poucos parentes ou vizinhos. Que essa lição possa servir de exemplo. Preparemos nossos bolsos, pois não se esqueçam que vêm aí a Copa de Futebol de 2014 e a Olimpíada de 2016. E ainda dizem que somos só um país emergente.
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