segunda-feira, 16 de julho de 2007

APOIO ÀS FÁBRICAS OCUPADAS PELOS TRABALHADORES!

TRABALHADORES IMPEDEM FECHAMENTO DE FÁBRICA E MANTÉM MAIS DE 1.000 EMPREGOS!!!

As empresas Cipla e Flaskô, de Joinville/SC e Sumaré/SP, respectivamente, estavam à beira da falência, prestes a fechar as suas portas e colocar mais de mil empregados no "olho da rua". Os direitos trabalhistas dos mesmos estavam há muito tempo atrasados e as dívidas com o INSS e com a receita apenas cresciam. A bancarrota era apenas uma questão de tempo...
Porém, numa heróica iniciativa, os trabalhadores daquelas empresas se organizaram, formaram uma comissão para gerenciar as empresas e assumiram o controle das mesmas. Os trabalhadores estão conseguindo recuperar as empresas e quitar parte das suas dívidas, o que parece que está incomodando alguns dos poderosos do nosso país! O governo federal, em Maio deste ano (2007), mandou a Polícia Federal invadir a empresa Cipla de Joinville/SC e tirar a empresa do controle dos trabalhadores. A operação não obteve êxito graças à mobilização dos Sindicatos locais e pressão dos próprios trabalhadores. Entretanto, precisamos divulgar e apoiar a iniciativa destes trabalhadores, que inclusive está prevista na nova Lei de Falências, a fim de evitar novas investidas dos reacionários governos federal e daqueles Estados. Leiam abaixo o texto que está disponível no site
http://www.fabricasocupadas.org.br sobre a lutas destes trabalhadores:

Joinville, Santa Catarina, outubro de 2002.
Os mil trabalhadores da Cipla e Interfibra, fábricas de material plástico de Joinville, Santa Catarina, entram em greve por tempo indeterminado. Motivo: Salários atrasados e direitos trabalhistas, como décimo-terceiro, férias, FGTS e INSS não depositados pelos patrões.
E com muita disposição os trabalhadores da Cipla e Interfibra se organizaram para defender mil postos de trabalho.
Durante oito dias, homens e mulheres sofrem todo o tipo de pressão e violência policial, com gases e cassetetes. Mas os piquetes crescem, e a solidariedade popular aumenta.
Ao final, os patrões jogam a toalha e reconhecem que não podem mais pagar os salários e os débitos trabalhistas, fiscais e previdenciários.
Resolvem, então, entregar as ações aos trabalhadores, que passam a administrar a empresa e retomam a produção.
Os proprietários são afastados da direção administrativa da empresa e os trabalhadores elegem uma comissão de fábrica, formada por dois representantes de cada turno de trabalho e mais vinte eleitos em assembléia.
Na nova administração, muita coisa muda....

Em menos de dois meses, a luta dos trabalhadores conquista a cidade.
Foi o que demonstrou o ato público ocorrido em treze de dezembro, que reuniu duas mil pessoas na Praça da Bandeira , em Joinville.
Desde o princípio da tomada das fábricas, os mil trabalhadores da Cipla e Interfibra recusam qualquer alternativa que cause demissão de companheiros e a perda de direitos.
Apontam, como única saída para salvar os mil postos de trabalho, a estatização das fábricas pelo governo lula.
Com essa reivindicação, 350 pessoas vão a brasília, em 11 de junho de 2003, para falar com lula.
Uma comitiva de 10 pessoas é recebida pelo presidente no palácio da alvorada.
É exposta a situação das fábricas e também apresentada a proposta de estatização.
Sumaré, junho de 2003.
A Flaskô, fábrica de plásticos do mesmo grupo econômico da Cipla e Interfibra, foi ocupada pelos 70 trabalhadores em junho de 2003.
A situação de abandono já era conhecida pelos trabalhadores da Cipla e Interfibra: salários, 13º, FGTS atrasados e não depositados pelos patrões.
Em assembléia, os trabalhadores elegeram um conselho, que passou a coordenar a fábrica;
Assim como as demais fábricas ocupadas, a Flaskô só funciona sob muita luta e mobilização política.
As dívidas deixadas pelos antigos patrões, de cerca de 70 milhões de reais, são um fantasma e ameaçam constantemente os empregos, com leilões e penhoras de equipamentos.
Relatório BNDES / BRDE / BADESC
Após a segunda caravana dos trabalhadores a Brasilia, em junho de 2004, quando a luta pela manuntenção dos empregos já estava reforçada com novos apoiadores, o ministro Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidencia, concorda que é preciso achar uma solução duradoura para os empregos.
Uma semana depois, o governo federal encomenda ao BNDES, junto com o Banco de Desenvolvimento de Santa Catarina, o BADESC, e o Banco Regional de Desenvolvimento Econômico, o BRDE, um estudo de viabilidade econômica das fábricas ocupadas.
A conclusão do estudo está expressa no relatório redigido por Dário Buzi, superintendente do BADESC:
“As fábricas são viáveis, e a única forma para manter os empregos é exigir que os entes públicos assumam o controle das empresas através de seus bancos de desenvolvimento social, o BNDES e entes estaduais.
Em outras palavras, o relatório do BNDES aponta para a estatização.
Ameaças de prisão e fechamento
As dívidas de mais de 500 milhões de reais deixadas pelos patrões, que antes não foram cobradas, são agora uma constante ameaça aos postos de trabalho.
Na ocasião da terceira caravana a Brasilia, quando os operários das Fábricas Ocupadas participaram da Marcha Nacional pela reforma agrária, de 1º a 17 de maio de 2005, juntos com trabalhadores sem-terra, Serge Goulart conversa com o Presidente Lula e lhe entrega mais um abaixo-assinado, com 25 mil assinaturas.
Ele pede o fim das ameaças de prisão e de desemprego.
Mas até agora, nenhuma solução concreta foi apresentada pelo governo aos trabalhadores...
A solidariedade e a luta se alastram
A luta pela defesa dos postos de trabalho ganha caráter nacional com a realização da Primeira Conferência Nacional em Defesa do Emprego, dos Direitos, da Reforma Agrária e do Parque Fabril Brasileiro, no início de outubro de 2003.
531 representantes de 60 entidades de 7 estados do país discutem a situação de desemprego e do fechamento das fábricas, ferrovias e outras empresas.
Constatam que os acontecimentos que levaram à tomada da Cipla, Interfibra e Flaskô para salvar os empregos e a luta pela estatização, estão se generalizando em todo o país.
Flakepet
É o caso da Flakepet, fábrica de reciclagem de embalagens pet localizada em Itapevi, São Paulo.
Financiada três vezes pelo bndes, os patrões abandonaram a fábrica depois de longo período sem pagar salários, férias e outros direitos aos 143 trabalhadores.
Foi ocupada pelos funcionários em dezembro de 2003, mas uma reintegração de posse concedida pela justiça de Itapevi, em março de 2004, tirou os trabalhadores da fábrica com o apoio da polícia militar.
Queremos emprego e reforma agrária
Se prosseguir a atual política imposta pelo imperialismo, o parque fabril brasileiro vai caminhar para a liquidação.
Por isso, os trabalhadores reafirmam na Segunda Conferência, realizada em julho de 2004 na sede da cut em são paulo: toda fábrica quebrada é uma fábrica que tem de ser ocupada e estatizada.
Depois de três anos eleito pelos trabalhadores, o governo lula nega o atendimento das reivindicações da classe trabalhadora.
Não faz reforma agrária, não estatiza as fábricas ocupadas, e cobra as dívidas antigas feitas pelos patrões.

Um comentário:

Lito "Tchê" Solé disse...

Coordenador da fábrica ocupada Flaskô sofre ameaças

No último sábado, 28 de julho, o Coordenador do Conselho de Fábrica da Flaskô, Pedro Santinho, recebeu dois telefonemas com ameaças de sequestrarem seu filho caso ele não abandone a luta na fábrica ocupada Flaskô. Diante de tal fato, Santinho registrou um boletim de ocorrência na polícia e foram adotadas medidas de segurança na fábrica.

No entanto, as ameaças continuaram. No mesmo dia a noite, e no domingo pela manhã, os telefonemas continuaram na própria Flaskô. As ligações eram de uma mulher que ameaçou dizendo que Pedro Santinho deve abandonar a Flaskô ou "seu filho e parentes próximos podem sofrer muito".

As fábricas ocupadas brasileiras passam por um contexto de repressão nacional. No dia 31 de maio desse ano houve a invasão da Polícia Federal nas fábricas ocupadas Cipla e Interfibra. Juntamente com outros militantes, Pedro Santinho tem organizado o combate contra a intervenção federal. Intervenção que visa frear os avanços das experiências de auto-organização dos trabalhadores.

FONTE: CMI (midiaindependente.org)