segunda-feira, 12 de maio de 2008

A casa de Yeda deve cair!

Pois é pessoal... chega a ser triste comentar este assunto. Primeiro porque eu já sabia disto há muito tempo, eu e muitas pessoas que vivem a política mais intensamente, como militantes, jornalistas, advogados e etc. Porém, não tinhamos provas. Os jornalistas não podem publicar nada sem respaldo, sob pena de perderem os empregos e os seus jornais os vultuosos patrocínios governamentais. Quem é oposição ao governo também não pode "ladrar" muito, pois além de serem processados, acabam com a fama de "radicais", "intolerantes" e outros adjetivos vazios que servem para ofuscar mentes irriquietas. Em segundo lugar, a tristeza advém da minha sempre ingênua vontade de acreditar que as pessoas podem ter boas intensões, apesar dos métodos ortodoxos. Pasmem, mesmo sendo o PSDB no governo eu torço para que eles façam um bom governo. Isto porque não são os "intelectuais de esquerda" que mais sofrem com a corrupção e a incompetência do governo, mas o povo. Todos sabemos aonde "estoura a corda"...

Bom, mas desta vez a denúncia não vem de um grupo político ou jornal sensacionalista, o que poderia a desqualificar. O delegado Luiz Fernando Tubino afirmou em seu depoimento na CPI do Detran que a casa da governadora foi comprada com sobras do dinheiro da sua campanha eleitoral, dinheiro este que foi fornecido pelo lobista tucano Lair Ferst (acusado de pertencer a quadrilha que causou o rombo no Detran, ou seja, nos cofres públicos). Aquele mesmo cidadão que foi flagrado tomando um chopinho com o Secretário do Planejamento do governo Yeda... o que mais será que estariam "planejando"?

Vejam este trecho de um artigo de Paulo Moura (publicado em www.professorpaulomoura.com.br) que comprova que o escândalo já estava "caindo de maduro" faz tempo, como mencionei acima:

"Não por acaso, no início dessa semana a jornalista Rosane de Oliveira inquiriu a governadora ao vivo, na rádio Gaúcha, sobre as controvérsias em torno da compra de sua casa. Jornalista experiente, Rosane não avançaria sem saber no que pisa. O Delegado Tubino também não. Em novembro de 2007 a colunista já publicará em ZH a enigmática frase: “A casa começa a cair”. Na mesma época a jornalista Taline Opitz, em sua coluna no Correio do Povo, fez referência a uma operação hipotecária atípica realizada pelo Banrisul, envolvendo imóvel de importante personalidade da política gaúcha. Primeiro veio o DETRAN; depois o Banrisul, e agora, a casa da governadora. Ao responder a pergunta de Rosane de Oliveira sobre a compra da sua casa, ao vivo na rádio Gaúcha, a governadora não se saiu bem nas explicações. Calada causaria menor quantidade de problemas a si mesma. Os ingredientes da cena política da província são explosivos. Talvez os mais explosivos da história política recente do Rio Grande do Sul."


A Yeda tenta mas não consegue se explicar. E nem haveria como... Lembram o que se dizia da mulher de César? "Não basta ser honesta, tem que parecer honesta!" Como uma governadora compra uma casa de 1 milhão e meio de reais logo depois de se eleger? Isso é, no mínimo, uma ingenuidade (para não dizer burrice) muito grande. Ou então, trata-se daquela soberba de quem sente que pode tudo. Contando com a impunidade que beneficia todos os políticos corruptos deste país. E não é para menos, pois nós estamos dando margem para isto ultimamente. O poder de indignação popular parece ter sido sepultado junto com o José Dirceu.

E agora gaúchos? Vamos deixar a Yeda entrar no nosso Estado e brindar à nossa inoperância na sua bela casa de 1 milhão e meio de reais? Temos duas saídas: mandamos ela de volta para São Paulo, para se aliciar com outros da "laia" dela, como Serra e Alckmim, ou vamos lá lhe oferecer mais uma taça de Cabernet Savignon... comprado com dinheiro público, é lógico.


Saibam mais sobre o caso na matéria abaixo:

A CASA DA YEDA CRUSIUS
Delegado diz que lobista deu dinheiro para Yeda comprar casa
*Marco Aurélio Weissheimer/Agência Carta Maior

Durante depoimento na CPI que investiga ação de quadrilha no Detran gaúcho, delegado Luiz Fernando Tubino disse que um dos acusados de liderar a quadrilha, Lair Ferst, deu R$ 400 mil para governadora Yeda Crusius (PSDB) comprar uma casa, logo após o fim da campanha de 2006. Na mesma noite, secretário de Planejamento de Yeda, Ariosto Culau, foi flagrado tomando chopp com Ferst. PORTO ALEGRE - A madrugada desta sexta-feira foi marcada por dois acontecimentos explosivos envolvendo as investigações sobre a ação de uma quadrilha no Detran gaúcho. O delegado de polícia Luiz Fernando Tubino afirmou, na CPI do Detran, que tem informações da Operação Rodin dando conta que o lobista tucano Lair Ferst (um dos principais acusados de pertencer à quadrilha) pagou R$ 400 mil da casa comprada pela governadora Yeda Crusius (PSDB) no final de 2006, logo após o segundo turno da campanha eleitoral. Segundo Tubino, a casa foi comprada do consultor Eduardo Laranja da Fonseca, dono da Self Engenharia, empresa que seria uma das maiores devedoras do Banrisul. Ainda conforme Tubino, a casa em estilo inglês de aproximadamente 700 metros quadrados e com quatro pisos chegou a ser anunciada para venda em jornais por R$ 1,5 milhão. Garantindo ter informações relativas às investigações da Operação Rodin, os R$ 400 mil seriam sobras da campanha eleitoral de Yeda, em 2006. O delegado fez uma série de outras denúncias que, segundo ele, já foram encaminhadas ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público Especial do Tribunal de Contas. Yeda Crusius negou que haja qualquer irregularidade na compra da casa e que as acusações fazem parte do jogo político da CPI. Ela ameaçou processar o presidente da comissão, deputado Fabiano Pereira (PT), por este ter se mostrado insatisfeito com as explicações de Yeda sobre a compra da casa. O depoimento do delegado Tubino agregou informações que exigirão novas explicações da governadora. As duas torres gêmeas da política gaúcha Segundo ele, há duas torres gêmeas que precisam ser derrubadas na política gaúcha. "O Banrisul e o Detran são duas torres que precisam ser investigadas e derrubadas. Isso vai mudar para melhor a vida política do Rio Grande do Sul", garantiu. Tubino disse que o Ministério Público já tem informações importantes relacionadas às denúncias feitas pelo vice-governador Paulo Feijó (DEM) sobre irregularidades no Banrisul. Crime organizado Um dos coordenadores da campanha tucana nas eleições de 2006, o empresário e lobista Lair Ferst é um dos principais nomes citados no inquérito da Polícia Federal sobre as fraudes no Detran. "Quadrilha criminosa. Crime organizado. Corrupção de agentes públicos com metas empresariais". Essas foram algumas das expressões utilizadas pelo superintendente da Polícia Federal, Ildo Gasparetto, para descrever os crimes praticados no órgão. Ferst trabalhou na coordenação da campanha (na área financeira), ou como definiu a governadora no ano passado, "estava ali dando uma mão". Ex-coordenador da bancada do PSDB na Assembléia, Ferst chegou a ser cogitado para ocupar uma secretaria no governo estadual. Até aqui, Yeda e o PSDB não esclareceram qual era mesmo o papel de Lair Ferst na campanha eleitoral. Propina e indícios de caixa-dois A investigação realizada pela Polícia Federal na Operação Rodin teve como foco principal averiguar as irregularidades ocorridas no âmbito das relações contratuais entabuladas entre a Fatec e, posteriormente, a Fundae - ambas fundações de apoio à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - e o Detran, para fins de prestação de serviços relacionados aos exames práticos e teóricos de direção veicular no Estado do Rio Grande do Sul. Segundo a Justiça Federal de Santa Maria, "ocorreu um ajuste prévio, no qual pessoas com grande influência política (lobistas) conseguiram obter junto a órgãos públicos, para as Fundações de Apoio, contratos para prestação de determinados serviços. Contratadas, sem licitação, as Fundações subcontrataram empresas e pessoas para realização dos serviços, superfaturados, de forma a beneficiar, primeiramente, os próprios lobistas, e, ainda, também os dirigentes do órgão contratador e das fundações". O superfaturamento era usado para pagamento de propinas e, suspeita-se, para formação de caixa-dois para campanhas eleitorais. Um chopp inusitado O segundo acontecimento foi o encontro inusitado do secretário de Planejamento do governo Yeda, Ariosto Culau, com Lair Ferst, ontem à noite, no Shopping Total. Os dois foram flagrados por repórteres do jornal Zero Hora "tomando um chopp e comendo um peixe", como disse Culau. "É um momento difícil. Lair, quero dizer que sou teu amigo e isso significa que quero te apoiar pessoalmente neste momento pessoalmente", disse o secretário a Lair, segundo relato da jornalista Marciele Brum. Algumas horas antes, Culau havia participado de uma coletiva com a governadora Yeda Crusius para anunciar as decisões da "força-tarefa" que ele coordenou para "estudar melhorias na gestão do Detran". "O governo está adotando todas as medidas para garantir a continuidades dos serviços", declarou o secretário que, horas depois, iria beber um choppinho com um dos acusados de chefiar a quadrilha que atuava no órgão. O encontro do secretário do Planejamento do governo com Ferst repercutiu imediatamente na CPI do Detran que, às duas e meia da madrugada, seguia ouvindo o depoimento do delegado Tubino. O presidente da CPI, deputado Fabiano Pereira (PT), considerou um escárnio o encontro do responsável pela força-tarefa para recuperar o Detran com um dos principais acusados de liderar a quadrilha que lesou os cofres públicos em mais de R$ 40 milhões (conforme as estimativas iniciais da Polícia Federal e da Justiça Federal). A deputada Stela Farias (PT) defendeu a convocação de Culau para depor na CPI. A noite começou ruim e terminou péssima para o governo tucano no RS.

Nenhum comentário: